
Foram
muitos atos debaixo de chuva, porrada da polícia, madrugadas em portas de
garagens de ônibus, ridicularização e ataque de parte da imprensa. Ameaças.
Foram centenas de palestras, debates, viagens, gastos que eu à época não tinha
para pagar. Mas seguimos em frente.
Hoje,
dia 24 de junho de 2013, ao ler a carta do MPL à Dilma enquanto a via anunciar
a possibilidade de um plebiscito para uma reforma política, a convocação de dez
mil médicos para os lugares mais necessitados desse país, o investimento de 50
bilhões de reais para mobilidade urbana, o Alckmin dizendo que não subiria os
pedágios.... chorei.
Passou
um filme em minha cabeça. Como quis abraçar meus companheiros de luta, alguns
tão longe, outros já nem mais entre nós.
Não
há nada ganho, nada decidido. A porta foi arrombada pelo povo. E numa hora
surpreendente. Agora é hora de ocupar o poder nesse país. Não saiamos da rua,
mas vamos canalizar nosso poder, esse poder magnífico do povo brasileiro.
Não
será o Ministério Público ou o Judiciário que mudarão esse país. Somos nós, eu
e você.
Aos
papagaios da Veja e aos sectários esquerdistas, desculpem. A hora é de
empurrarmos para frente esse país. É hora de avançarmos! Não é o fim. O jogo
será duro. Os donos do poder vão se mobilizar. É só o começo. Mas agora com a
porta devidamente aberta.
Rafael Moya
"Essa reunião com a presidenta foi arrancada pela força
das ruas, que avançou sobre bombas, balas e prisões. Os movimentos sociais no
Brasil sempre sofreram com a repressão e a criminalização. Até agora, 2013 não
foi diferente: no Mato Grosso do Sul, vem ocorrendo um
massacre de indígenas e a Força Nacional assassinou, no mês passado, uma
liderança Terena durante uma reintegração de posse; no Distrito Federal, cinco
militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foram presos há
poucas semanas em meio às mobilizações contra os impactos da Copa do Mundo da
FIFA. A resposta da polícia aos protestos iniciados em junho não destoa do
conjunto: bombas de gás foram jogadas dentro de hospitais e faculdades;
manifestantes foram perseguidos e espancados pela Polícia Militar; outros foram
baleados; centenas de pessoas foram presas arbitrariamente; algumas estão sendo
acusadas de formação de quadrilha e incitação ao crime; um homem perdeu a
visão; uma garota foi violentada sexualmente por policiais; uma mulher morreu
asfixiada pelo gás lacrimogêneo. A verdadeira violência que assistimos neste
junho veio do Estado – em todas as suas esferas." (Trecho da carta
do MPL à Dilma)
"E, embora restrito a um foco único, é maximalista, como
estamos vendo agora: a meta é a tarifa zero. Cuja razoabilidade demonstrada nas
suas cartilhas de clareza igualmente máxima são exemplares como introdução
prática à crítica da economia
política. Pelo tênue fio da tarifa é todo o sistema que desaba, do valor da
força de trabalho a caminho de seu local de exploração à violência da cidade
segregada rumo ao colapso ecológico. Simples assim, por isso, fatal, se
alcançar seu destinatário na hora social certa, como parece estar ocorrendo
agora." (Paulo Arantes)