27 agosto 2011

Nem PT nem PSDB: construir o novo!


Nem PT nem PSDB: construir o novo!

Tenho buscado respostas para a confusão política que se criou em Campinas. Parte dela é involuntária, decorrente da própria enorme dimensão dos fatos. Outra parte dela é proposital, gerada de maneira muito habilidosa.

Após a acachapante vitória popular na cassação de Hélio, a luta continua. A pressão popular veio não apenas das corajosas e abnegadas pessoas que estiveram nos diversos atos nas ruas e na Câmara durante estes meses. A pressão também veio dos mais diversos espaços da cidade, além da internet. Tais pressões, em conjunto, acuaram os vereadores que, até pouquíssimo tempo, se chafurdavam nos cargos e nos esquemas que o Ministério Público desnudou em parte. A vitória do “Fora Hélio!” demonstrou que mesmo um governo aparentemente imbatível pode cair com a participação – e organização – popular.

Agora, com a ascensão do vice-prefeito do PT, muitos petistas, que até ontem estavam no “Fora Hélio!” agora mudam o discurso e acusam quem continua a luta para que a quadrilha instalada na prefeitura seja desalojada, de “tucano”, “golpista” etc. Não podemos cair nesta falácia. Demétrio Vilagra representa o mesmo projeto político. Além da corrupção, a privatização e destruição de espaços públicos, privatização de serviços públicos, nenhum planejamento urbano, tarifas de ônibus extorsivas etc., etc.

Não é segredo que sou do PSOL. Participei da fundação do partido em Campinas. Nunca fui do PT. Com muito orgulho vi meu partido na linha de frente da luta pelo “Fora Hélio!” e tenho certeza que continuará na vanguarda do combate a corrupção. Longe de querer hegemonizar, ou mesmo agir de maneira mesquinha, o PSOL, humildemente, pretende ser parte desta construção. As tarefas para Campinas são muito maiores que o PSOL. 

Esta construção deve envolver amplos setores da cidade. Não alimentaremos falsas ilusões. Apesar de todos os desmandos que vimos nos últimos anos, os mesmos esquemas tentarão se camuflar e se alojar em outras caras e outras siglas. Porém nosso grande inimigo tem nome e endereço, é o poder econômico. Foi ele quem elegeu a coligação Hélio/Demétrio e tentará não sair da prefeitura. Tentaremos colaborar com todas as discussões sobre como fortalecermos a participação da Sociedade Civil, dos movimentos populares, com a transparência administrativa e o correto uso do dinheiro público. Queremos colaborar com a construção de uma cidade justa e sustentável, para todos, sem a falácia “dos que mais precisam” do projeto Hélio/Demétrio.

Não podemos cair no discurso fácil do rechaço aos partidos. Nossos inimigos têm cara e partidos. Nossas discussões devem levar em conta que em menos de um ano teremos eleições municipais. Todos os carrascos de Campinas aparecerão de cara lavada e sorriso no rosto para pedirem nossos votos. Temos que levar para a prefeitura e para a câmara de vereadores outro projeto de cidade e de sociedade. É hora de criarmos espaços de diálogo e reflexão sobre alternativas para Campinas e cerrarmos fileiras no combate à corrupção. Cobrarmos que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário ouçam a voz do povo, que pode não estar em peso nas ruas, mas anda muito insatisfeito. A máscara caiu e chegou a hora da população falar. 

Estamos em um ano emblemático. Faz 10 anos da morte do Prefeito Toninho (até hoje impune). Uma pessoa que ousou sonhar, e construir, outra Campinas. Isso custou sua vida. Sua morte não poderá ter sido em vão.
Os poucos, porém valorosos, petistas que ainda que acreditam ser possível disputar os rumos deste partido, minha total solidariedade, mas não me peçam para fazer coro com a hipocrisia do PT.

Fora todos os corruptos! Sejam do governo federal, estadual ou municipal.

Rafael Moya
Agosto de 2011.