27 maio 2012

CRISE NA GRÉCIA: Alex Tsipras: está a ser travada uma verdadeira “guerra entre o povo e o capitalismo” | Esquerda

Alex Tsipras: está a ser travada uma verdadeira “guerra entre o povo e o capitalismo” | Esquerda


Alex Tsipras: está a ser travada uma verdadeira “guerra entre o povo e o capitalismo”


dossier
19 Maio, 2012 - 20:23

Numa entrevista ao Guardian, Alex Tsipras defendeu que “a derrota é uma batalha não travada”, sendo que o povo grego está a “lutar para vencer". A derrota do capitalismo não será, para Tsipras, “apenas uma vitória para a Grécia, mas para toda a Europa".

Foto Karpidis/FlickrLead: Numa entrevista ao Guardian, Alex Tsipras defendeu que “a derrota é uma batalha não travada”, sendo que o povo grego está a “lutar para vencer". A derrota do capitalismo não será, para Tsipras, “apenas uma vitória para a Grécia, mas para toda a Europa".



"Eu não acredito em heróis ou salvadores", afirmou Alexis Tsipras ao Guardian, sublinhando que acredita, isso sim, “em lutar por direitos”. “Ninguém tem o direito de reduzir um povo orgulhoso a tal estado de miséria e de indignidade", enfatizou o líder do Syriza.



Na entrevista ao jornal britânico, Tsipras realçou que o que está em marcha não é uma guerra “entre as nações e povos". Na realidade, avançou, este é um conflito que opõe “os trabalhadores e a maioria das pessoas” aos “capitalistas globais, banqueiros, especuladores nas bolsas de valores, os grandes fundos”. “É uma guerra entre os povos e o capitalismo", frisou Alex Tsipras, adiantando que, “tal como acontece em cada guerra, o que ocorre na linha de frente define a batalha, que será decisiva para a guerra noutros lugares".



O presidente do Grupo Parlamentar da coligação de esquerda Syriza sustentou que a Grécia foi escolhida como balão de ensaio para a implementação das políticas de choque neo liberais e que os gregos “foram as cobaias" e alertou também para o facto de, caso a experiência continue, ela será “considerada um sucesso e as políticas serão aplicadas noutros países”. “É por isso que é tão importante interromper a experiência”, frisou Tsipras, realçando que pôr fim a este ataque “não será apenas uma vitória para a Grécia, mas para toda a Europa".



“Nunca estivemos tão mal"



"Após dois anos e meio de catástrofe”, e depois de sofrerem um longo bombardeamento de "choque neo-liberal" - aumentos de impostos draconianos e cortes nas despesas implementados sem quaisquer remorsos – “os gregos estão de joelhos”, referiu Tsipras.



“ O Estado Social entrou em colapso, um em cada dois jovens está desempregado, há cada vez mais pessoas a emigrar, o clima psicológico é de pessimismo, depressão, suicídios em massa", relatou, avançando que o povo grego nunca esteve “tão mal”.



Interrogado sobre se teria medo, Alex Tsipras respondeu que teria, de facto, caso “continuássemos por este caminho, um caminho para o inferno social”, contudo, destacou, “quando alguém luta tem uma grande hipótese de ganhar e nós estamos a lutar para vencer".



O Syriza não é contra o euro ou a união monetária



Durante a entrevista, o líder do Syriza sublinhou que não é contra o euro ou a união monetária e que essa chantagem está a ser utilizada para que as pessoas se sintam aterrorizadas de modo a manter o status quo.



"Não somos contra uma Europa unificada ou a união monetária", “nós não queremos fazer chantagem, queremos convencer os nossos parceiros europeus, que o caminho que foi escolhido para enfrentar a Grécia é totalmente contra producente. É como jogar dinheiro num poço sem fundo", esclareceu.



Para Tsipras, é importante que os europeus saibam que o dinheiro com que contribuem para a suposta resolução da crise grega não está a ser aplicado em investimento e crescimento nem a ser utilizado para, efetivamente, fazer face ao problema da dívida.



Na realidade, se a Grécia se mantiver no mesmo rumo, “em seis meses seremos forçados a discutir um terceiro pacote e depois um quarto", alertou o dirigente da coligação Syriza.



Por outro lado, também é importante para Alex Tsipras que os europeus compreendam que o Syriza não tem “qualquer intenção de avançar num movimento unilateral”. “Nós [só] seremos forçados a agir, se eles agirem de forma unilateral e derem o primeiro passo", afirmou. “Se eles não nos pagarem, se pararem o financiamento, então não seremos capazes de pagar os credores. O que estou a dizer é muito simples", adiantou ainda o político grego.



Alex Tsipras fez também questão de lembrar que a crise da Grécia não é somente um problema do país. "Keynes disse-o há muitos anos. Não é apenas a pessoa que pede emprestado que pode ficar numa posição difícil, mas também a pessoa que empresta. Se você deve 6.200 euros ao banco, é um problema seu, mas se você deve 620 000 euros, é problema do banco", ilustrou Tsipras.



"Este é um problema comum. É o nosso problema. É o problema de Merkel. É um problema europeu. É um problema mundial", rematou o líder do Syriza.

Nenhum comentário: