Meu artigo publicado no jornal Correio Popular de 27 de outubro.
O FUTURO QUE QUEREMOS

Os Conselhos devem ser espaços onde a sociedade civil possa acompanhar e formular políticas públicas. Hoje os conselhos são o principal canal de participação popular encontrado nas três instâncias de governo (federal, estadual e municipal).
O COMDEMA deve cobrar do Executivo e do Legislativo que não renunciem ao planejamento público de nossa cidade em prol do planejamento privado. Atrás de um grande projeto há um plano ou esquema global de cidade: há sempre uma vontade política de ação ou omissão. A lógica da desordem se completa com o caráter predatório do modelo, que condena a cidade como todo a um padrão insustentável do ponto de vista ambiental e econômico.
Campinas está hoje despreparada, material, social e institucionalmente, para um desenvolvimento econômico que se paute pela dinâmica da inovação, na economia do conhecimento e na eficiência que devem mobilizar toda a sociedade. O motor do crescimento da cidade, e de toda RMC, não pode continuar a ser um modelo que já se mostrou saturado. Nossa cidade - ainda - possui as credenciais para ser um exemplo de desenvolvimento sustentável. As grandes e pequenas obras devem estar em consonância com a legislação municipal, estadual e federal. Desenvolve-se a cidade sem que se passe a ter condições de infraestrutura necessária ao assentamento de parcelas da população. Junto à falta de condições de habitabilidade, pela insustentabilidade das condições materiais, assinala-se também um descaso com os espaços naturais fundamentais na perspectiva de serem áreas mitigadoras dos efeitos da urbanização intensiva. Foi levando em consideração estas questões que Toninho, prefeito assassinado de Campinas, criou o COMDEMA por meio da lei 10841 em 2001.
Aos poucos, Campinas se recupera da mais grave crise política de sua história. A sociedade se mobilizou e, aos poucos, começa a pensar alternativas e a fazer um balanço dos últimos anos. Não se trata de fazer do COMDEMA uma trincheira anti-governo ou anti-obras. Também não se trata de objetivar travar os empreendimentos imobiliários da cidade. Se trata sim, de atuar na defesa intransigente da legalidade, da transparência, da moralidade e da legislação ambiental. Trata-se de garantir a liberdade da discussão e que as decisões do Conselho contribuam com a melhora de vida da esmagadora maioria da população de Campinas. É fundamental abrirmos canais de diálogo não apenas com o Executivo, mas também com diversos órgãos do Estado. Não defendo um COMDEMA estreito, sectário, inconseqüente e distante das dinâmicas sociais. Escolher este caminho seria ignorar a importância estratégica do Conselho. Lembrando Celso Furtado, nas metrópoles estão concentrados os processos que interrompem a nossa construção como nação. A pergunta que devemos nos fazer é qual é o cenário para o futuro? Que futuro estamos construindo?
Rafael Moya
Advogado, Presidente do COMDEMA 2011/2013.
presidencia.comdema@gmail.com
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