Segue um lindo poema do sempre genial Pablo Neruda. Que 2010 seja um ano que possamos continuar, cada vez com mais intensidade e eficiência, a luta por um Brasil justo e fraterno, onde a vida esteja acima do lucro.
grande abraço,
Rafael Moya
Este ano-novo, compatriota, é teu.
Nasceu mais de ti do que do tempo, escolhe
o melhor de tua vida e o entrega ao combate.
Este ano que caiu como morto em seu túmulo
não pode repousar com amor e com medo.
Este ano morto é ano de dores que acusam.
E quando suas raízes amargas, na hora
da festa, à noite, se desprenderem e caírem
e subir outro cristal ignorado até o vazio
de um ano que a tua vida encherá pouco a pouco,
dá-lhe a dignidade que requer a minha pátria,
a tua, esta estreiteza de vulcões e vinhos.
Eu não sou cidadão de meu país: me escrevem
que o clown indecoroso que governa apagou
com outros milhares de nomes o meu
das listas que eram as leis da República.
Meu nome está apagado para que eu não exista,
para que o torvo abutre da masmorra vote
e votem os bestiais encarregados que dão
pancadas e o tormento nos porões
do governo, para que votem bem garantidos
os mordomos, caporais, sócios
do negociante que entregou a Pátria.
Eu estou errante, vivo a angústia de estar longe
do preso e da flor, do h omem e da terra,
porém tu lutarás para apagar a mancha
de esterco sobre o mapa, tu lutarás sem dúvida
para que a vergonha deste tempo termine
e se abram as prisões do povo e se levantem
as asas da vitória traída.
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